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Lilia Cabral: 'Eu tinha medo de errar'

O rosto sem maquiagem, o cabelo sempre preso, com alguns fios fora do lugar, as roupas simples. O visual não deixa mentir: Catarina é humilde, sem o glamour dos outros personagens de "A favorita". Pois foi exatamente esse o objetivo de Lilia Cabral ao compor a mulher sofrida, triste e solitária.

— Procurei fazer o mais simples, o mais sincero, sem pesar na mão. Tinha muito medo de errar o tom, de cair na caricatura. A Catarina é um pouco a contramão da novela. Todos os outros personagens têm um certo glamour, coisa que ela não tem. Fui vendo tudo isso nos outros e tirando dela cada vez mais, para deixá-la ainda mais simples — explica a atriz, em sua primeira novela com João Emanuel Carneiro.

Três semanas depois da estréia, Lília já sente a repercussão de Catarina entre o público.

— As pessoas estão falando sobre o imenso contraste que existe entre ela e a Marta, de "Páginas da vida". Perguntam como é viver duas mulheres completamente diferentes — revela.

O público, ela acrescenta, também fala da submissão e da tristeza de Catarina.

— Falam muito dessa carência dela, dela não conseguir reverter aquela situação de humilhação em relação ao marido, ao Leon (Jackson Antunes). Eu acho que ela tem medo de fracassar mais uma vez e mantém esse casamento por medo de falhar de novo — analisa a atriz.

A virada de Catarina está previsa na sinopse. Mas Lília nem quer saber quando será:

— João não conta e não me preocupo mesmo com isso. Mas não tenho dúvida de que vai ser bem significativa para ela e para a história.

Sobre a audiênca da novela, que está subindo aos poucos, mas ainda em ritmo lento, Lília diz que a concorrência é bem-vinda. E que não se pode desanimar.

— O que não podemos perder é a consciência da qualidade do nosso. Eu entro no estúdio para ganhar a cena, mesmo que seja pequena, para fazer sempre bem. E é isso que sempre vai acontecer — garante.

A experiência no gênero também dá a Lília a certeza do sucesso da história de João Emanuel.

— Quando a gente entra no camarim e os maquiadores e camareiros estão lendo o roteiro é porque a história é boa e vai pegar, mais cedo ou mais tarde. Eles não têm tempo de assistir na TV, mas lêem tudo antes. Quando não estão lendo, é porque não se interessam pela novela. Em "A favorita", a gente entra no camarim e estão todos lendo o roteiro — revela a atriz.

Apesar do medo inicial, a atriz diz que está muito satisfeita por ter aceitado o papel

— Eu nunca tive dúvidas, trabalhar com o João era um desejo antigo. Quando montei "O divã" no teatro, eu o chamei para fazer a adaptação para mim, mas ele não pôde, ia escrever sua primeira novela, "Da cor do pecado. Mas a nossa hora chegou. — comemora. — É ótimo trabalhar com ele. A história tem poucos personagens, todos têm uma função bem definida.